
Futuros Amantes
(Chico Buarque)
Não se afobe, não
Que nada é pra já.
O amor não tem pressa
Ele pode esperar, em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar.
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa,
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos.
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização.
Não se afobe, não
Que nada é pra já.
Amores serão sempre amáveis,
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você...
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